quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SATURNO

fonte da imagem: Wikipédia/Nasa

Simboliza a morte imprescindível antes de nascer em outro plano, a consciência do tempo e da fugacidade das coisas no meio das quais precisa eleger entre deixar-se arrastar pelas forças exterminadoras ou renascer para outra existência onde a morte não existe. Simboliza o deserto, onde voltar atrás não teria sentido e nem se poderia, pois toda pegada já desaparecera, mas seguir adiante implica atravessar toda a vastidão completamente só. Como tal, expressa a lei do confrontamento consigo mesmo, com os próprios abismos interiores, com a solidão radical e a noite absoluta, onde unicamente a meditação pode iluminar debilmente os precipícios. Neste sentido, Saturno tem sido associado sempre às provas, às profundidades, ao tempo ilimitado e ao infinito, ao início do caminho que já não é deste mundo; é por isso representado por um relógio de areia que se inverte como que jogando com a eternidade, e também se o representa como um esqueleto caminhando com sua foice, como que para indicar que não se trata da morte que imobiliza e aniquila. 

Guido Bonatti, De Astronomia Libri X

Saturno representa a revelação da eternidade acessível, a aparição do deserto ou da montanhas de Zaratustra.
É a revelação da existência do Homem Superior, e é a transmissão desse conhecimento preciso que já não é fácil de comunicar aos demais, e pelo qual aparece o silêncio; é o retiro e a solidão do Eremita. É a revelação da deformidade, da imperfeição humana frente ao Homem Superior que cada um está destinado a ser. Parecia loucura que Diógenes caminhasse com sua lanterna acesa procurando um homem em plena luz do dia, mas Diógenes aludia-se ao simbolismo do Arcano "O Eremita" do Tarô.

Imagem de J. H. W. Tischbein (1780).
Com Júpiter aparece o Mestre, mas o Mestre é unicamente a evidência de que o Homem Superior existe, e que cada buscador tem que realizá-lo em si mesmo; e ao aparecer Saturno, surge a revelação do Discipulado, do seguimento de uma conduta restrita, definida: o surgimento da RESPONSABILIDADE, da META, da MISSÃO ESPECÍFICA.
É então que aparece Satanás no deserto, ou seja, o símbolo de todos os atos, de todas as experiências vividas, de todas as misérias e mentiras que se levantam para gritar ao Eremita, para burlar-se de sua pretensão, e então, o desejo de se lançar em todos os vícios cresce com a mesma força, ao lado do desejo de renascer definitivamente. Por isso Saturno é a revelação do Dragão mitológico, o qual há de se cortar as sete cabeças para poder seguir a Senda. 
Dentro da Tradição se indica que Saturno se apresenta no primeiro mês de desenvolvimento embrionário.
A Ciência Yoga relaciona Saturno com a supra-renal esquerda e com o chakra Muladhara. 

fonte da imagem:Shaktisadhana

Muladhara é "o centro residencial de todas as sensações, onde se há de começar a eliminação dos vícios, das paixões, e até dos mais simples apegos terrestres. Verdadeiro armazém de desejos, este chakra, com sua iluminação, proporcionará o primeiro passo à liberação, a qual  se poderá obter rapidamente uma vez que este centro esteja bem desenvolvido, mas, como em todas as coisas, o primeiro passo é custoso! Muladhara é o mais difícil de se por em movimento".(*)
É por tudo isso que Saturno está associado à solidão, ao desamparo, ao discipulado, aos trabalhos difíceis e penosos, à pedra bruta, ao chumbo, ao deserto, ao silêncio, à escuridão, à tristeza, à meditação, à profundidade, à metafísica, à lógica extremamente rigorosa, à abstração pura, às Matemáticas, à Numerologia, todas as possíveis combinações dos números e às figuras geométricas, à arquitetura, aos túneis, à Medicina, aos monges ermitões, aos mendigos, aos nazarenos, aos faquires, aos órfãos, aos enclausuramentos, aos cárceres abandonados de qualquer cuidado, aos eruditos que convencem a todo mundo mas jamais a si mesmos, às demoras, às moléstias, ao ceticismo, à auto destruição, ao masoquismo, à timidez, ao pânico, à malicia, à luxúria, à avareza, à santidade, à castidade, ao desdém e ao desprezo, à astúcia, à mentira genial, à falsidade desmesurada, à capacidade para ocultar sentimentos, à cristalização dos objetivos depois de muita demora, à paciência, à espera, ao esquelético, à pela seca, à introversão concentrada, à vingança, à dificuldade de deslocamento, aos conventos, aos minerais, aos asilos, à dor dissimulada, à vergonha, aos presos, à amargura, ao desdem pela vida, à obstrução em todos os sentidos, ao conhecimento profundo da natureza humana, à literatura de terror, à dedução impecável ainda que lenta, aos velórios, ao riso forte e monótono, ao sofrimento purificador, à capacidade de concentração, à persistência, à cautela, às depressões, à solidez, à confiança, à resistência, à disciplina, ao senso prático e utilitarista, etc. 

LaKaZa - Cosmossíntese/FEEU

(*) Yug Yoga Yoguismo, Una  Matesis de Psicologia, Dr. Serge Raynaud de la  Ferriére. Ed. Diana . Mexico pg.258

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